Certa vez tive a oportunidade de entrevistar Bob Walter, Presidente da Fundação Joseph Campbell, da Califórnia. Entre tantas perguntas e explicações incríveis, uma me chamou a atenção pela simplicidade e profundidade.
O Bob disse que a pessoa que melhor havia lhe definido o significado da palavra mito fora uma criança. A menina, que tinha hábito de ouvir em casa as histórias antigas contadas pelos pais, afirmou: "O mito é uma história que parece uma mentira por fora, mas é cheia de verdade por dentro." Como um bombom, recheado de surpresas, ela simplificou o que muitos teóricos levaram anos e páginas para explicar.
Para Joseph Campbell, um dos maiores estudiosos das mitologias comparadas no mundo, mito é uma narrativa que funda ou explica uma origem, um tempo, uma situação. Elas são histórias de mistérios profundos e que nos ajudam numa dada travessia, pessoal ou coletiva, pois como contém verdades em si, norteiam a nossa direção. Para Campbell, é por meio dos mitos que tocamos o mistério, o segredo, o eterno de maneira a fazermos parte de um todo cheio de significado. Segundo ele é estudando os mitos que voltamos para dentro, para o início, de modo a não nos perdermos mais pelo caminho. Tais narrativas tem quatro funções principais: mística, cosmológica, sociológica e psicológica. Ou seja, uma mitologia deve alcançar nossas necessidades de reconexão com o cosmos, explicar a origem e a função da vida, contemplar uma função social e nortear nossas necessidades íntimas. Ainda segundo Campbell, quando uma sociedade já não se lembra, não reconhece ou não transmite seus mitos originais, perdendo seus rituais, ela se torna desgovernada, empobrecida, por vezes destrutiva e violenta. Mas é curioso perceber que dentro das sociedades ainda existe uma mente plural, chamada por Carl Jung de Inconsciente Coletivo, que continua a buscar suas histórias. E que na falta destas narrativas de sentido, cria os seus próprios mitos.
Por exemplo... os jovens que escalam arranha-céus nas grandes metrópoles, deixando suas assinaturas, estão em busca de uma chancela tribal que valide sua coragem e maturidade. No fundo, estão em busca dos antigos ritos de passagem que lhes diziam: "Agora você já é um homem adulto." No entanto, sem nos darmos conta disso, perdemos o significado deste ato, que tem em si um vocabulário próprio, rico, para muito além do simples vandalismo em vários casos.
O Bob disse que a pessoa que melhor havia lhe definido o significado da palavra mito fora uma criança. A menina, que tinha hábito de ouvir em casa as histórias antigas contadas pelos pais, afirmou: "O mito é uma história que parece uma mentira por fora, mas é cheia de verdade por dentro." Como um bombom, recheado de surpresas, ela simplificou o que muitos teóricos levaram anos e páginas para explicar.
Para Joseph Campbell, um dos maiores estudiosos das mitologias comparadas no mundo, mito é uma narrativa que funda ou explica uma origem, um tempo, uma situação. Elas são histórias de mistérios profundos e que nos ajudam numa dada travessia, pessoal ou coletiva, pois como contém verdades em si, norteiam a nossa direção. Para Campbell, é por meio dos mitos que tocamos o mistério, o segredo, o eterno de maneira a fazermos parte de um todo cheio de significado. Segundo ele é estudando os mitos que voltamos para dentro, para o início, de modo a não nos perdermos mais pelo caminho. Tais narrativas tem quatro funções principais: mística, cosmológica, sociológica e psicológica. Ou seja, uma mitologia deve alcançar nossas necessidades de reconexão com o cosmos, explicar a origem e a função da vida, contemplar uma função social e nortear nossas necessidades íntimas. Ainda segundo Campbell, quando uma sociedade já não se lembra, não reconhece ou não transmite seus mitos originais, perdendo seus rituais, ela se torna desgovernada, empobrecida, por vezes destrutiva e violenta. Mas é curioso perceber que dentro das sociedades ainda existe uma mente plural, chamada por Carl Jung de Inconsciente Coletivo, que continua a buscar suas histórias. E que na falta destas narrativas de sentido, cria os seus próprios mitos.
Por exemplo... os jovens que escalam arranha-céus nas grandes metrópoles, deixando suas assinaturas, estão em busca de uma chancela tribal que valide sua coragem e maturidade. No fundo, estão em busca dos antigos ritos de passagem que lhes diziam: "Agora você já é um homem adulto." No entanto, sem nos darmos conta disso, perdemos o significado deste ato, que tem em si um vocabulário próprio, rico, para muito além do simples vandalismo em vários casos.
Os mitos tem suas origens no inconsciente da psique humana e na nossa relação com a natureza. Os temas são atemporais e cabem a cada cultura. E ainda que uma tradição nomeie sua deusa da beleza de Afrodite, Vênus ou Ishtar, elas são as mesmas deusas. Assim como os protetores dos mares Poseidon, Netuno ou Iemanjá são em essência a mesma história que funda um princípio arquetípico, que explica uma faceta do mundo e suas dinâmicas. É por isso que um círculo sagrado, uma mandala tibetana ou uma mandala junguiana podem ter a mesma função. Por isso, os mitos "parecem mentira do lado de fora e verdade do lado de dentro". Entretanto, quando estamos muito distantes desta sabedoria antiga um círculo mais parece um labirinto, como uma mandala embaralhada, tornando tudo muito mais confuso. Para Campbell, viver numa sociedade que desconhece tal sabedoria é como viver em queda livre.
O MITO NO BRASIL
Mesmo numa sociedade sem referências conscientes, habita o desejo inconsciente de reconexão com algo maior, um todo norteador que faça sentido. Aliás, é justamente entre sociedades que estão às margens do significados mais profundos dos seus mitos que nascem os mais fortes desejos de encontrá-los. De modo que até nos conectarmos com as nossas mitologias, poderemos fazer inúmeras tentativas equivocadas, como explicou Campbell.
O MITO NO BRASIL
Mesmo numa sociedade sem referências conscientes, habita o desejo inconsciente de reconexão com algo maior, um todo norteador que faça sentido. Aliás, é justamente entre sociedades que estão às margens do significados mais profundos dos seus mitos que nascem os mais fortes desejos de encontrá-los. De modo que até nos conectarmos com as nossas mitologias, poderemos fazer inúmeras tentativas equivocadas, como explicou Campbell.
No Brasil, há tempos a palavra "mito" tem tomado uma dimensão coletiva. No entanto, se essa nova narrativa não contempla uma explicação mística, cosmológica, sociológica ou psicológica certamente não estamos diante de um mito. Além disso, nomear simples mortais de mitos é uma afronta aos deuses, banalizando o sagrado. Homens jamais serão mitos. O que me leva a crer que quando escutamos a palavra "mito" pelas ruas, no fundo não estamos identificando mitos, mas pedindo desesperadamente por um mito que nos salve do abismo. Em alguns episódios, alguns de nós chegaram a pensar que haviam encontrado o mito entre nossas figuras públicas. Mas quando estas narrativas são descascadas, tal qual uma cebola em suas várias camadas mais ocultas, percebemos sua total falta de consistência, coerência e sentido. E eis que nos momentos em que mais precisamos de direção, vivemos grandes frustrações, como quem caminha solitário, entregues à escuridão da noite.
Mais que nunca, o Brasil precisa sim de mitos. A depender das diretrizes de Campbell, certamente se pesquisarmos acerca de nossas origens, nas sagas indígena, portuguesa e africana talvez consigamos criar os nossos próprios mitos fundantes e norteadores. Esses sim poderão nos trazer sentido, da esfera mística à psicológica.
CONCLUSÃO
Campbell explica que a eternidade é uma dimensão do agora. Quem tem o conhecimento antigo oferecido pela escola, a família, a religião, a sociedade ou a história pode atravessar qualquer tempo, pois não estará na escuridão. Se encontrarmos essa dimensão em nós, ela nos ajudará a caminhar todos os dias das nossas vidas. O que Campbell sugere é que voltemos às referências antigas, no tempo das tradições orais, dos contadores de histórias, dos xamãs e principalmente dos artistas, quando estávamos conectados com o sentido mais profundo dos mitos. Aliás, são justamente os artistas, afirma Campbell, por meio de seus livros, filmes, encenações, fotografias, pinturas, músicas e poemas que irão nos situar novamente no tempo e no espaço do agora. Os gregos antigos tinham verdadeira adoração pelas artes porque sabiam que era por meio delas que as verdades se manifestavam consciente ou inconscientemente. Na atualidade, os mitos estarão desde as pinturas rupestres da Serra da Capivara, passando pelos painéis de Michelangelo na Capela Sistina, aos grafites do Cairo na Primavera Árabe ou nas tesourinhas de Brasília. Que tenhamos, diante deste repertório, olhos e ouvidos para ver e ouvir os MITOS.
Mais que nunca, o Brasil precisa sim de mitos. A depender das diretrizes de Campbell, certamente se pesquisarmos acerca de nossas origens, nas sagas indígena, portuguesa e africana talvez consigamos criar os nossos próprios mitos fundantes e norteadores. Esses sim poderão nos trazer sentido, da esfera mística à psicológica.
CONCLUSÃO
Campbell explica que a eternidade é uma dimensão do agora. Quem tem o conhecimento antigo oferecido pela escola, a família, a religião, a sociedade ou a história pode atravessar qualquer tempo, pois não estará na escuridão. Se encontrarmos essa dimensão em nós, ela nos ajudará a caminhar todos os dias das nossas vidas. O que Campbell sugere é que voltemos às referências antigas, no tempo das tradições orais, dos contadores de histórias, dos xamãs e principalmente dos artistas, quando estávamos conectados com o sentido mais profundo dos mitos. Aliás, são justamente os artistas, afirma Campbell, por meio de seus livros, filmes, encenações, fotografias, pinturas, músicas e poemas que irão nos situar novamente no tempo e no espaço do agora. Os gregos antigos tinham verdadeira adoração pelas artes porque sabiam que era por meio delas que as verdades se manifestavam consciente ou inconscientemente. Na atualidade, os mitos estarão desde as pinturas rupestres da Serra da Capivara, passando pelos painéis de Michelangelo na Capela Sistina, aos grafites do Cairo na Primavera Árabe ou nas tesourinhas de Brasília. Que tenhamos, diante deste repertório, olhos e ouvidos para ver e ouvir os MITOS.
Aline Maccari
Jornalista, Astróloga e Analista Junguiana
Jornalista, Astróloga e Analista Junguiana
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
O Poder do Mito - Joseph Campbell - Ed. Palas Athena
Mito e Transformação - Joseph Campbell - Ed. Ágora
Dicionário Mítico-Etimológico - Junito de Souza Brandão - Ed. Vozes
Ao Encontro da Sombra - Connie Zweig e Jeremiah Abrams (orgs.) - Ed. Cultrix
Arte: Pintura do artista brasileiro Glauco Rodrigues
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CRÉDITOS: Arte A Astróloga. A foto da tesourinha de Brasília é de artista desconhecido até o momento desta publicação. Se você o conhecer por favor comunique para que o fotógrafo seja creditado adequadamente e seja conhecido pelo seu maravilhoso trabalho.
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*Assim na Terra como no Céu! A astrologia faz todo o sentido por que microcosmos e macrocosmos tem uma relação íntima entre si. O que acontece entre os astros, repercute simbolicamente em nossas vidas, todos os dias. Essa "psicologia antiga" funciona como uma verdadeira bússola nos orientando na nossa jornada. Para entender melhor a si mesmo entre em contato com A Astróloga pelo e-mail aastrologa@gmail.com