terça-feira, 12 de julho de 2022

A Lua Cheia e o Diabo

Diário da Astróloga: 12.07.22 | A Temporada Canceriana tem sido um verdadeiro pesadelo para as mulheres. E isso porque a oposição a Plutão parece mostrar todas as sombras desse universo. Mas isso não é novidade. O "planeta anão" entrou em Capricórnio em 2008. E desde lá, no antagonismo a Câncer, tem revelado questões que certamente até então estavam ocultas. Me lembro que à época foram denunciados os estupros coletivos na Índia. Um assunto do qual pouco se falava até então. Acredito que o que Plutão fez foi revelar alguns temas nefastos relacionados ao feminino.

Em Câncer, signo regido pela Lua, falamos do feminino, da gravidez, da maternidade, dos bebês, dos filhos, da infância, do passado, da família, da casa, da alimentação, da ancestralidade. São nossas bases, origens e raízes emocionais. E todos nós a temos, homens ou mulheres. Mas, na tensão com Plutão, senhor dos mortos, a própria vida está em risco. 

TEMPORADA CANCERIANA
Do Solstício, fenômeno que inaugura a Temporada Canceriana até agora, acompanhamos casos que têm nos deixado a todas inseguras e preocupadas. 
Vimos a história da menina de 11 anos que foi estuprada e impedida por uma juíza de fazer um aborto legal. Acompanhamos o caso da atriz Klara Castanho que foi abusada, engravidou, entregou seu filho para adoção e teve sua história exposta publicamente contra a sua vontade. As funcionárias da Caixa Econômica Federal denunciaram a direção do Banco estatal por assédio sexual. Uma promotora de São Paulo foi espancada por um colega também promotor, em pleno ambiente de trabalho. A partir da mudança na lei que garantia o aborto legal nos EUA, o governo tem feito um grande esforço para limitar o mesmo direito das mulheres nos hospitais do Brasil. No final de semana uma moça foi estuprada no campus da Universidade de Brasília. E ontem o caso mais pavoroso de todos, a de uma mulher que, enquanto paria, era abusada pelo médico anestesia que deveria estar lá zelando por sua vida e a do bebê. 
São tantos os casos que não há uma mulher neste país que esteja conseguindo dormir direito. Porque sabemos que casos como estes podem acontecer com qualquer uma de nós. 

LUA CHEIA
Nesta quarta-feira (13) viveremos a Lua Cheia. Este fenômeno se dá pela oposição entre o Sol e a Lua e representa o clímax de uma determinada situação, geralmente o tema central da temporada. Nesta ocasião em especial, a Lua em Capricórnio estará muito próxima a Plutão, por isso acredito que as experiências que estamos acompanhando sejam tão sombrias e estejam em grande evidência.

PLUTÃO
Plutão é o deus dos submundos, daquilo que acontece nas entranhas da terra, longe da consciência. Ele incide sobre o ilegal, o imoral, o criminoso, o absurdo, o nefasto, o abuso, o estupro, a pedofilia e tudo mais que seja totalmente condenável pelas leis dos homens. Plutão é o sinônimo da maldade. Mas ele também é planeta de morte, renascimento e transformação. Entretanto até que renasçamos, sua experiência nos fará ir aos lugares abissais da sociedade, da família e da alma. E todos querem "renascer", mas quem quer "morrer" simbolicamente, para viver esta alquimia? Afinal, mergulhar em uma experiência plutoniana é como encontrar-se com o Diabo. E quem está disposto a fazê-lo?

SÍMBOLO e DIÁBOLO
Para compreendermos aquilo que seja diabólico convém voltar à origem etimológica do termo. A palavra DIABO vem de "diabolos" que tem sua origem em dia-ballo e significa separar, dividir, cindir. 
Ao contrário da palavra SÍMBOLO, sum + ballo que significa colocar junto, associar, unir uma coisa à outra.  Desta maneira, um fala da unidade e o outro da ilusão da separatividade.
Nas situações "diabólicas", algo é feito a partir da ilusão de que há uma separação entre o eu e o outro. 

O ANESTESISTA
O outro foi tão fundamental na cena do crime de estupro na maternidade que o anestesista, em sua total perversão, cometia o crime na frente dos colegas de profissão, encoberto apenas por um pano. Aliás, e justamente porque estava tão perto de ser descoberto, que sua compulsão se tornava tão monstruosa e descontrolada. Inconscientemente, talvez ele estivesse desesperadamente esperando para ser descoberto, pois ninguém consegue viver tanto tempo na negação diabólica da unidade, propiciada apenas por uma experiência "simbólica". Pois é no "simbólico" que vivemos a união dos opostos, a compreensão do todo e de que aquilo que faço tem efeito direto não apenas no outro, mas em mim mesmo. É por isso que quem fere o outro, fere a si mesmo. É por isso que quem cura o outro, cura a si mesmo. Pois para os saberes antigos, nas mais variadas culturas, SOMOS TODOS UM. E embora a vida pós moderna tenha nos separado "diabolicamente", o nosso destino é retornarmos à união.

PORQUE A MALDADE?
A maldade existe. Inúmeros autores estudaram sobre ela. O psiquiatra Carl Jung, o analista John A. Sanford e a psicanalista Élisabeth Roudinesco pesquisaram sobre o tema que é motivo de reflexões desde os tempos sem princípio, ganhando lugar de destaque da mitologia às religiões, da filosofia à psicologia. 
Jung acredita que a vida é feita de luz e sombra, tal qual o yin-yang taoísta. E que sem o conhecimento de nossa faceta sombria, não conseguimos alcançar a nossa totalidade psíquica. Roudinesco se pergunta se eliminar a perversão não seria a destruir a distinção entre o bem e o mal que fundamenta a própria civilização. O que até os pensadores mais modernos estão nos dizendo é que as experiências sombrias fazem parte do crescimento humano e são constitutivas da própria vida. Mas como lidamos com isso? 

A EXPERIÊNCIA DA TOTALIDADE
Tal qual Jung nos ensina, só alcançaremos a totalidade das nossas experiências se vivermos a vida em sua inteireza. Alguns de nós vivem no símbolo. E a experiência com o Diabo ou diábolo é fundamental para a "saída do paraíso", pois todos temos uma jornada a percorrer. A questão é que saindo da proposta dos autores e vindo para a vida real, algumas das experiências "diabólicas" que vivemos podem nos levar à beira da loucura ou mesmo à morte, subjetiva ou objetiva. Cada vez que uma mulher vive uma situação de violência, parte de sua alma morre juntamente com ela. E com isso se faz um longo período de trevas pessoais. Atualmente estamos vivendo um período de trevas coletivas. E muitas de nós estão imersas nessa sombra nefasta que nos enche de medo e incerteza. Tentar entender os motivos pelos quais tais experiências acontecem é quase impossível. Mas percebo a grande maioria dessas experiências diabólicas acontecendo quando Plutão está em jogo, seja nos mapas pessoais ou quando se faz em evidência no céu. 

UMA SAÍDA COLETIVA
Acredito que o melhor que podemos fazer diante destes acontecimentos é, depois de passar pela "divisão do diabo", lutarmos para viver a "união do símbolo". Pelo menos em sociedade, o comportamento luminoso que nos cabe é unir em sororidade, numa grande voz feminina, dizendo BASTA! Se há uma maneira de contra-atacarmos Plutão e seus enviados, entre diretores de banco ou anestesistas, é usarmos um sonoro "ESTAMOS JUNTAS" para fazer frente ao que nos separa. Uma saída possível para o feminino massacrado pela violenta cultura do patriarcado é sua união SIMBÓLICA e inseparável, potencializa numa única voz: SOMOS TODAS UMA! Quando todas falarmos a mesma língua, em defesa umas das outras, com empatia, solidariedade e amor umas pelas outras, conseguiremos começar a expulsar o DIABO que nos separa. 

Aline Maccari Jornalista, Astróloga e Analista Junguiana



Diário da Astróloga 12.07.22: São tantos os casos de violência contra a mulher nestes tempos que não há como falar sobre outro tema. Especialmente às vésperas da Lua Cheia da lunação canceriana, signo do feminino, e sua aproximação com Plutão, o deus das trevas. No vídeo de hoje falo sobre o tema, tento explicar o significado do "DIABO" e da maldade em nossas vidas e como podemos responder coletivamente a isso. Aline Maccari Jornalista, Astróloga e Analista Junguiana
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CRÉDITOS / CREDITS: O diabo precisa de chifres? Arte de autoria desconhecida até o momento desta publicação. Caso identifique, por favor nos informe para que possamos creditá-la devidamente. The art that illustrates today's text is by an unknown author at the time of this publication. If you identify him/her, please let us know so we can credit him/her properly.
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