Diário da Astróloga: 06.10.20 | No dia de ontem aconteceu um fato interessante. Nesta segunda tivemos o Sol em Libra e a Lua em Touro. Ambos os signos são regidos pela Vênus, a deusa da beleza. E no canal da "A Astróloga" no YouTube um comentário gerou polêmica. Uma pessoa escreveu algo como "Porque você estava tão descabelada? Por que não prendeu o cabelo?" Num primeiro momento soltei uma risada. Mas importante é ter olhos para ver e ouvidos para ouvir. A questão não é quem o escreveu, mas todas as pessoas que poderiam escrever algo deste tipo. Pois por de trás deste comentário há um tema que precisa ser discutido: a ditadura da beleza! Hoje, com a Lua em Gêmeos, talvez tenhamos melhores oportunidades de falar sobre isso.
Até porque este é um tema fundamental na "Temporada Libriana", signo relacionado à estética e ao belo.
Como nos relacionamos por meio de projeções, onde o "outro" é o nosso espelho projetivo, geralmente os comentários destinados a outrem no fundo falam de nós mesmos. De modo que o que "Maria" fala sobre "Júlia" diz mais sobre "Maria" que sobre "Júlia". E é muito didático perceber o tipo de expectativa que a pessoas tem sobre nós e que não dizem respeito a nós, mas a elas mesmas. De toda maneira, ainda que se possa fazer um exercício lúcido sobre isso, continuamos a projetar no mundo regras que nos foram ensinadas desde cedo. Fato é que principalmente as mulheres são vítimas dos padrões de beleza pré estabelecidos e como numa grande engrenagem de perpetuação desses valores, somos também algozes umas com as outras, mantendo este ciclo de tirania interminável.
Partindo de uma experiência pessoal, gostaria de lembrar algo que me aconteceu. Eu, assim como todas as mulheres do planeta também tinha/tenho minhas inseguranças, porque afinal aos olhos dos outros, nunca somos perfeitas e basta estar viva para se sentir cobrada. Em 2003 eu morava na Nova Zelândia e conversando com um amigo de Auckland tive um momento revelador. Eu perguntei a ele: "O que lhe atrai numa mulher?" "O que é uma mulher bonita para você?". E ele me respondeu: "Para mim, uma mulher bonita é uma mulher que se sente à vontade dentro dela mesma, debaixo de sua própria pele". A resposta foi de uma simplicidade tão grande e ao mesmo tempo tão verdadeira que fez todo o sentido. A Nova Zelândia é um país que ficará na minha alma por vários motivos. E um deles é o fato de que o pequeno país que fica na Oceania, hoje liderado pela exemplar Jacinda Ardern, foi a primeira nação no mundo a aprovar o voto feminino. Em 1893 as mulheres kiwis foram às urnas exercer o seu direito à cidadania pela primeira vez. Isso aconteceu 39 antes do Brasil. Fato que forjou as mulheres daquele país como algumas das mais emancipadas do planeta. Conversar com as mulheres de lá era formidável. Aprendi muito com elas, fortes, decididas, autoconfiantes e portanto lindas. Para mim foi muito rápido e claro o aprendizado de que homens e mulheres tem os mesmos direitos e não só no papel. Era bonito ver uma sociedade onde os sexos conversavam de igual pra igual, vivendo esta realidade na prática. Não foi o voto feminino que resgatou a beleza kiwi, mas a relação de igualdade, o direito estabelecido e o empoderamento feminino que mexeu com a cabeça dos homens e das mulheres daquele país e que culminou em vários comportamentos admiráveis, inclusive na beleza de estar tranquila sob a própria pele.
Quando voltei para o Brasil, o machismo, a exigência dos padrões estéticos europeus e a subserviência feminina me saltaram aos olhos imediatamente. Até hoje a frase do meu amigo ressoa dentro de mim. E de alguma maneira esta frase e a experiência com mulheres que reconhecem os seus valores de outras maneiras, me modelou. Embora vez por outra acorde me sentindo horrorosa, como qualquer mulher normal, quando coloco minha alma novamente neste corpo, neste lugar de direitos, confortável, neste ambiente de segurança, paz, aconchego e tranquilidade, me sinto confiante novamente e portanto bonita. No final das contas o que de fato chama atenção não apenas dos homens, mas também das mulheres e do mundo, é uma mulher que se sente confortável dentro de si. E se sente confortável, se sente confiante e portanto muito mais feliz consigo mesma e naturalmente mais bonita. Para mim, uma das maneiras de perceber as ditaduras da cultura da beleza é colocando-se em comparativos com outras culturas e outros tempos. E percebendo que a beleza tem milhares de formas e que é na diversidade, acima de tudo, que mora um dos seus segredos do belo, principalmente num país maravilhoso como o Brasil, feito de tantas combinações incríveis.
Obrigada à pessoa que me deixou o comentário ontem no canal da "A Astróloga" no YouTube, pois isso acabou gerando uma reflexão. Precisamos falar sobre o que vemos no espelho, nas mídias... principalmente nestes tempos. O mundo está em movimento, se transformando, pedindo novos valores. Quem ainda suporta a ditadura da beleza? Quem se beneficia disso? Vamos passar por uma pandemia e continuar vivendo pautados pelos valores distorcidos e doentios de antes? Enfim... eis é um assunto interminável e este foi o meu pontapé inicial. Qual seria o seu?
Aline Maccari
Jornalista, Astróloga e Analista Junguiana
CRÉDITOS: A arte tem a imagem de Kate Sheppard, uma sufragista neozelandesa que ajudou o seu país a se tornar o primeiro no mundo a garantir o direito universal ao voto feminino nas urnas.
Diário da Astróloga: 06.10.20 | Na temporada libriana o tema beleza é fundamental. Que tal a gente começar a conversar sobre padrões estéticos? Hoje dei um pontapé inicial nesse papo, trazendo uma experiência pessoal. E você? O que tem a dizer?
Aline Maccari
Jornalista, Astróloga e Analista Junguiana
CRÉDITOS: A arte tem a imagem de Kate Sheppard, uma sufragista neozelandesa que ajudou o seu país a se tornar o primeiro no mundo a garantir o direito universal ao voto feminino nas urnas.
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