Diário da Astróloga: 03.02.22 |Um caso de polícia está chocando o Brasil. Moïse, um refugiado congolês foi espancado até a morte numa barraca de praia no Rio de Janeiro. O caso aconteceu no dia 24.01, mas veio à tona nesta semana, marcada por uma Lua Nova. E analisando o caso sob o viés da astrologia e da psicologia junguiana, talvez possamos compreender de maneira mais ampla a cena e seus desdobramentos.
OLHANDO PARA O CÉU
Nesta segunda-feira falei sobre este fenômeno celeste. Na terça-feira, dia em que o caso veio à mídia, tivemos a Lua Nova em Aquário, entretanto em tensão com Urano e conjunta a Saturno. Afirmei que poderiam acontecer eventos que marcariam novos começos, mas em tensão com Urano poderíamos falar de algo que acontece à revelia, de maneira acidental e violenta. O que aconteceu de fato com o acidente do Metrô em São Paulo.
Mas, que na conjunção do Sol com Saturno, que acontece entre hoje e sábado, poderia haver punição e responsabilização por atos impensados.
Na temporada aquariana falamos de muitos dos aspectos luminosos do signo, tais como coletividade, igualdade, liberdade e fraternidade. Entretanto, a sombra aquariana seria o oposto disso: a irracionalidade e a tirania. E na tensão com Urano, violência e barbárie em grupo poderiam surgir como notícia.
MOÏSE
A história de Moïse poderia ser a de um personagem grego que ao fugir do seu destino, inevitavelmente se depara com ele. O jovem deixou o Congo como refugiado, ou seja, em nome da própria sobrevivência. Uma coisa é migração, outra é refúgio. Quando se migra para um outro país, é por vários motivos sociais ou econômicos. Quando se é refugiado ou você e sua família fogem ou perdem a vida. Todo o refugiado traz na alma um sonho de acolhimento, liberdade e prosperidade. E como Moïse não foi diferente. Mas vindo para o Brasil, não poderia imaginar que estaria indo de encontro àquilo do que fugia: a morte.
OS ASSASSINOS
O crime aconteceu na temporada aquariana. Em Aquário, agimos em grupo. Mas fato é que certas ações coletivas contam com um rebaixamento de consciência estimulado e potencializado pelo próprio grupo. Uma ação que ativa desejos ocultos e aspectos sombrios do grupo. Portanto dizer que o crime não foi por racismo, xenofobia ou aporofobia é um engano. Pois embora conscientemente os assassinos não reconheçam tais motivações, lá estão elas de maneira inconsciente, tomando-os tal qual uma possessão arquetípica, diria Jung.
Em Aquário, fala-se de civilidade, mas quando mal aspectado, e exatamente com Urano, podemos falar de barbárie, a ausência total de qualquer código moral. Além disso, tudo o que soa como primitivo e animalesco refere-se à sombra de Prometeu.
PROMETEU
Prometeu é uma das mitologias associadas ao signo de Aquário. Cansado de ver os homens à míngua, enquanto os olímpicos viviam de festas, Prometeu decide roubar o fogo divino para entregar aos mortais. Prometeu portanto é um benfeitor da humanidade. E a conquista histórica do fogo permite que os homens possam finalmente enxergar na escuridão, se aquecerem contra o frio e cozinharem seus próprios alimentos. Segundo Joseph Campbell, é justamente este trecho da narrativa que fala da "conquista do fogo", e a possibilidade de não comerem mais alimentos crus, que tira os humanos de um estado animalesco. Portanto, Prometeu é aquele que fala de civilidade. Mas seu contrário, é o retorno ao primitivo. Quando vemos uma cena que nos sugere algo primitivo, bárbaro e animal, estamos diante da sombra de Prometeu, um dos aspectos sombrios de Aquário.
LUA NOVA X URANO
É sob tal configuração celeste que o episódio ganha vida, pois passa a ser de conhecimento coletivo. Na tensão com Urano, os assassinos parecem não saber, mas em verdade punem no outro aspectos das suas próprias sombras pessoais, sociais e coletivas. Os assassinos, assim como Moïse, são negros e pobres.
A diferença é que estes são mestiços, Moïse não! Enquanto Moïse é espancado, os homens projetam no "bode expiatório" todos os seus aspectos negados ou desprezados. Por isso me soa como vingança, não do congolês, mas de seus próprios sofrimentos humanos. Entretanto da maneira mais violenta e enviesada que se possa imaginar.
SOL + SATURNO
A conjunção de Sol com Saturno em Aquário, que acontece entre 03 e 05.02, sugere cobrança, responsabilização e compromisso. Não é apenas o caso que merece um desfecho justo, mas a sociedade cobrará que o crime tenha a devida punição. E que esta "conta" seja mesmo paga para que crimes como este jamais aconteçam novamente, pois nada justifica tamanha violência nos dias atuais. Embora os assassinos certamente tenham motivações em suas próprias sombras sociais, pessoais e coletivas, a lei deve prevalecer, do contrário regressamos à total falta de humanidade, ou seja, ao primitivo. Cúmplices são aqueles que passavam pela praia naquele dia de sol, viram o crime acontecendo e nada fizeram. Esses também são culpados, gozando diante do ato, em silêncio sombrio. A iniciativa de uns constela os desejos reprimidos de muitos. A ação de 3 assassinos, está também na inação dos transeuntes. Foram muitos os que espancaram Moïse naquele dia. Afinal, Moïse foi morto por quantos?
PSIQUE ARCAICA
Em todos nós, na nossa psique mais profunda, ainda vivem desde aspirações divinas até os seres mais primitivos que se possa imaginar. Toda e qualquer ação em grupo nos fala de rebaixamentos conscientes e possíveis ações violentas. É por isso que a todo o momento precisamos nos lembrar do quanto evoluímos enquanto sociedade, para que nunca mais tenhamos qualquer apego ao sabor da carne crua. O Inconsciente Coletivo é um caldeirão atemporal a que todos nós estamos submetidos. É por isso que precisamos nos lembrar a todo o momento, em nossas manifestações mais simples e cotidianas, o quanto evoluímos a cada dia. Se no fundo o que desejamos é a "imortalidade" dos deuses, precisamos agir em tal sintonia para merecê-lo.
Que o Invisível guarde a família de Moïse no Brasil e todos os milhares de refugiados que vivem no país. Que compreendamos que as ações humanas têm motivações que vão muito além daquilo que é exibido nos programas sensacionalistas. E que a justiça dos homens e dos deuses seja feita.
Aline Maccari
Jornalista, Astróloga e Analista Junguiana
Diário da Astróloga 03.02.22: Muitas pessoas me pediram para falar sobre o caso Moïse, o rapaz congolês, refugiado no Brasil, que foi morto a pauladas numa barraquinha de praia no Rio de Janeiro, em pleno verão. O caso tomou uma proporção tão grande que merece uma análise. O vídeo de hoje é uma leitura possível do caso, sob o olhar da astrologia, da mitologia greco-romana e da psicologia junguiana, minhas áreas de conhecimento. Que este conteúdo nos possibilite olhar para o mesmo evento sob outras perspectivas. E que o Invisível tenha piedade da família do rapaz e proteja todos os refugiados que encontraram no Brasil um lugar para voltar a sonhar em paz e segurança.
Aline Maccari
Jornalista, Astróloga e Analista Junguiana
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CRÉDITOS / CREDITS: Foto do refugiado congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos, morto no Brasil em Janeiro.
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