As imagens são do fotógrafo Ravshaniya |
Sonhar acordado, distrair-se, devanear, fantasiar! Quando o Sol em Peixes se aproxima de Netuno, o deus dos mares da psique profunda, é tempo de nadar, nas águas do mar, das emoções, numa sala de cinema, num grande desejo, numa viagem, no romance, no amor, nas ondas da música e por que não da paixão!? Até o final de semana estaremos distantes, em conexão com algo muito maior que nós mesmos, tão distantes da realidade, às vezes tão preta e branca.
Mas afinal, o que podemos chamar de realidade? Ouvir a intuição poderá ser mais útil que a racionalidade por esses dias. O nosso mais profundo eu sempre sabe das coisas. Sabe quando dizemos a nós mesmos: "Puxa, no fundo eu sempre soube que seria assim!" Para não se perder é indicado se conectar. Não apontemos o dedo à traição em caso de auto engano.
À baixo reproduzo texto sobre o signo de Peixes aos nativos que querem se conhecer melhor e ao companheiros de Peixes, que tem muito o que aprender sobre ele. A todos um bom mergulho!
Aline Maccari
Antônio era o sinônimo da rigidez. Aprendeu a ser assim, abandonado pelo pai ainda criança e transformado em cuidador da própria mãe, dependente química. É como se a vida tivesse lhe dito com todas as letras que sua história não seria fácil. A não ser por Helena, que abriria novas possibilidades para uma forma pessimista de ver a vida. Por uma coincidência maldita ele poderia ter tomado o rumo mais óbvio, abandoná-la, mas o destino ajudou. Helena era pisciana como a mãe de Antônio, o que no começo o fazia pensar que ambas poderiam ser muito parecidas. O tempo foi passando e ela foi provando que era digna de sua confiança. E a cada fraquejada da mãe era ela, a nova companheira, feita das mesmas emoções, quem estava alí para ajudá-lo. Foi quando ele percebeu que o veneno virou o antídoto.
Peixes é o último signo do elemento água no zodíaco. É regido por Netuno e carrega consigo grande parte do conteúdo arquetípico da mitologia deste planeta. Como deus dos mares, imperador da inconsciência, Netuno é um planeta dos mais desafiadores porque carrega consigo os dois grandes destinos: o encontro e a fatal perdição. Por uma questão de sobrevivência Antônio escondia dos colegas sua ferida aberta.
São muitos os piscianos que carregam consigo a possibilidade maior de iluminação, de encontro com a natureza mais íntegra do ser, no entanto, e inclusive por essa mesma habilidade, exponenciam as dores do mundo e se afundam num mar sombrio. Parece de alguma forma que a sombra pisciana é maior que as outras. Em muitos casos, as famílias com parentes deste signo o escondem. Entregue às drogas, ao álcool, ao jogo, eles são tudo o que o grupo familiar mais relutou em não ser. Esse ser-sombra, de alguma forma se transformou no baú de mentiras, devassidão e imoralidade que toda a família tem e nunca revelou. Os sombrios piscianos podem carregar por anos carmas que não são seus, mas que projetados nele o transformam num bode expiatório. E desconfortavelmente é ele quem traz a verdade à tona, das piores maneiras, as mais inconvenientes. Para o sujeito é dor e confusão para toda a vida. Para a família uma negação e por fim sua redenção. Ah! Se escutássemos o que dizem os piscianos! Por traz de tanto devaneio, idas e vindas, há tanto medo da vida e ao mesmo tempo uma grande coragem escondida. Viver na própria sombra ou na sombra do grupo é tarefa espiritual das grandes. Para quem vive essa história na pele é como se fosse preciso uma eternidade para entender o propósito de tudo. Um todo que só se revela no final. Tempo demais, tempo que pode ser perdido. Se alguém tivesse dito a Antônio que a vida é feita de luz e sombra, talvez ele não tivesse negado as próprias origens por tanto tempo. Talvez tivesse sido feliz mais cedo!
Sombra é aquela parte da personalidade que todos nós temos. Não há luz sem sombra. E a maldade faz parte da vida real. Precisamos falar sobre ela. Quando crianças nascemos plenos de verdade e beleza. Mas, no processo de adaptação à vida a personalidade vai aprendendo como fazer, pedir, falar e esconder, separando o joio do trigo, o próprio do impróprio. No começo da vida adulta carregamos uma mala com sombras tão bem escondidas que geralmente nem nós mesmos nos damos conta de seu peso. Nela há mentiras, imoralidades e pseudo imoralidades, agressividades, conteúdos social e culturalmente inadequados, recolhidos dentro do quarto, na casa, aprendido entre vizinhos, na igreja, na cidade, no país. Com o tempo tudo isso se instala na nossa mente inconsciente e expresso somente em sonhos, desejos reprimidos, ataques de ira, rompantes, desastres.
Cansado de carregar a sua mala e a dos outros Antônio negou por tempo demais a própria sombra ou tantas sombras. E a fez de maneira clássica: ascendeu faróis, lanternas e holofotes. No entanto quanto mais luz, mais sombra. E enquanto não nos damos conta desse "lado B", desse "gêmeo perverso", não conseguimos viver plenamente. Pertencentes ao último signo do zodíaco os piscianos são a luz e a sombra do mundo. E seria providencial ouvir o que eles tem a dizer, em palavras ou gestos. Somente quando abraçamos o que há de pior em nós conseguiremos alcançar algum nível de integridade que nos permitirá ser o mais próximo daquilo que verdadeiramente somos. E talvez só assim sejamos mais felizes.
Helena e a mãe de Antônio são feitas das mesmas substâncias: gentileza, generosidade, amorosidade e altruísmo. E se existe sombra na luz, há também luz na sombra. É da lama que nasce a flor de lótus. É a partir do contato com a sombra (inconsciente) que nos aproximamos do Self, nosso verdadeiro Eu. Não seria admirável imaginar que quem está mais perto do demônio está a um passo de Deus? Reconhecimento e aceitação são as palavras do céu de Peixes. Os piscianos precisam de nós e nós deles. Obrigada a todos que fizeram e fazem parte da minha vida. E se demorei demais para agradecê-los, por favor me perdoem.
Aline Maccari
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