Após a morte de meu mestre, aproximei-me muito de Dudjom Rinpoche (na foto), um dos maiores mestres de meditação, místico e iogue dos tempos modernos. Uma vez ele dirigia pelas estradas da França e ao passar por um grande cemitério Rinpoche disse: "Veja como tudo é limpo e arrumado no Ocidente. Até os lugares onde deixam os cadáveres parecem imaculados. No oriente, nem mesmo as casas onde as pessoas vivem são tão limpas assim. Este é um país tão civilizado. Eles têm casas maravilhosas para os cadáveres vivos também."
A maioria de nós realmente vive de acordo com um plano pré-ordenado. Passamos a juventude sendo educados. Achamos então um emprego e encontramos alguém com quem nos casamos e temos filhos. Compramos uma casa, tentamos ser bem-sucedidos em nosso negócio e lutamos por sonhos como os de possuir uma casa de campo ou um segundo carro. Os maiores dilemas são onde vamos passar o próximo feriado ou quem vamos convidar para o Natal. Nossas vidas são monótonas, insignificantes e repetitivas, desperdiçadas em busca de banalidades. O ritmo das nossas vidas é tão febril que a última coisa em que temos tempo de pensar é na morte. Nossa meta na vida é manter tudo tão seguro e garantido quanto possível. E assim nossas vidas transcorrem, a menos que uma doença séria ou um desastre nos arranque do nosso estupor.
Resenha do Livro Tibetano do Viver e do Morrer por Aline Maccari