terça-feira, 19 de abril de 2016

Os homens de Vênus e a política

Foto de Cristiano Sérgio para a revista Marie Claire
Existe uma diferença brutal entre o arquétipo e o estereótipo. Quando percebemos sensivelmente o arquétipo de alguém, segundo um conhecimento psicológico, mitológico ou religioso até mesmo sensível, intuitivo e inconsciente, vemos a parcela divina que há no outro, seu quinhão de deus primitivo, com marcas de um comportamento herdado de um espírito ancestral, que confere ao sujeito uma alma peculiar, atemporal, sem conceitos pré estabelecidos e incapaz de ser julgado pela cultura ou pelo tempo, pois o arquétipo, o tipo antigo, os atravessa. 

Quando nos deparamos com o estereótipo, pautamos nosso olhar pelo tempo, o espaço e a cultura, o que automaticamente se transforma em algo restrito, frio, como um recorte da realidade que se aproxima de um julgamento. Um mecanismo natural, pois não haveria forma mais fácil do cérebro compreender uma realidade que precisa ser explicada em alguns segundos, antes que ele tenha que trabalhar demais ou entrar em pane. Estereotipar é uma postura mental que economiza energia psíquica e imediatamente acalma a compreensão do sujeito.  Rotular é algo que depende de pouca elaboração mental, sendo rápido, fácil, indolor e insensível. A diferença é que quem se permite perceber arquétipos enxerga muito mais longe que quem enxerga estereótipos e em qualquer tempo, espaço e cultura esses dois observadores coexistiram.
De forma que para alguns, em pleno 2016, uma figura como Jean Wyllys pode não passar de uma bicha histérica, comunista, ex-BBB, baiano, nordestino, deputado e portanto bandido. Contrariamente a isso, e graças aos deuses, para outros, Jean Wyllys é uma outra figura; resultado de uma mistura arquetípica poderosíssima que chamo de o "homem venusiano". Muitos homens, e isso não é regra astrológica, com uma Vênus proeminente no mapa, sentem como se a deusa do amor, do feminino, da beleza e das artes, a Afrodite, os guiasse intimamente. Como se seu "deus de cabeça" fosse uma mulher ou o arquétipo de uma mulher. É por isso, meus caros, que os gays são tão poderosos, pois têm o forte corpo do homem, a penetração social que construíram na sociedade patriarcal e a habilidade, a sensibilidade, a delicadeza, a percepção do outro, e acima de tudo uma capacidade relacional ímpar, de negociação e diálogo, que poucos homens héteros possuem. Os filhos de Afrodite são filhos do amor e do belo. Uma certa simetria e perfeição, agradável aos olhos e ao coração, que  flerta com a moral, o equilíbrio e portanto a justiça. É por isso que tantos deles inclusive se identificam com as injustiças do mundo, desenvolvendo forte empatia pelos menos favorecidos, pois eles têm a capacidade de se colocar no lugar dos outros e perceber seu sofrimento. É por isso que lugar de bicha deveria mesmo ser na política. Aliás, se tivéssemos muitos mais "homens venusianos", mataríamos no amor e na unha os boçais, machistas, opressores, ignorantes, palhaços e canalhas que lá se instalaram. E por todos os desafios sociais desse tempo que eles têm de passar, geralmente tornam-se alguns dos cabras mais valentes que se possa conhecer. 
Esta não é uma reflexão esotérica,  uma apologia aos gays ou um conversa sobre gênero. É sobre ampliação de repertórios, arquétipos a necessidade premente de entender que ampliar nossa consciência amplia nossa forma de ver o mundo e lidar com ele. Quem cuida de conhecer a si, conhece o outro. Estou falando da relação entre o privado e o público, o eu e o coletivo. Estou a falar de política.
Aline Maccari
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