Teimosia e rigidez podem ajudar a tornar ainda mais difíceis os dias que se seguem. Nem sempre as coisas acontecem como desejamos, principalmente se tentados há tanto tempo, por movimentos que nos restringem, desafiam e exigem de nós novas posturas. Se diante de um cenário de mudanças imprevisíveis nos tornamos ainda maias austeros, principalmente conosco, as tendências a rachaduras podem se concretizar. Quem avisa é o Sol em Aquário que forma aspecto desafiador (quadratura, ângulo de 90°) com a Lua em Touro e principalmente Saturno em Escorpião, todos signos fixos, defensores tenazes de suas opiniões, arraigados, valentões, cheios de teses e máximas.
Cena do filme "Os Incompreendidos" de François Truffaut, vencedor do Festival de Cannes |
À partir de hoje, até o dia 28 de fevereiro, outra configuração planetária também passa a nos desafiar. Mercúrio estará retrógrado, no signo de Peixes, formando conjunção com Netuno. Se aguardamos por respostas e certezas talvez seja melhor pararmos e repensarmos. Quando o deus mensageiro habita os mares da inconsciência do último signo de água e ainda caminha para traz é tempo de reflexão, sensibilidade e intuição. Assim, rígidos e confusos poderemos ir a lugar nenhum ou fazer disso tudo uma obra de arte. Um rapazinho nascido em 6 de fevereiro de 1932 na França carregava essa mesma cruz. Com Sol, Lua, Marte e Mercúrio em Aquário, formando oposição a Júpiter em Leão, Touro no fundo do céu e Escorpião no meio do céu. ele se tornou o grande incompreendido.
O garoto rebelde, inteligente e sensível era o arquétipo aquariano do diretor representado na tela. |
Nascido de família humilde (Ascendente em Capricórnio e Saturno na casa 1) ele teve grande dificuldade de relacionamento com o pai biológico e depois o adotivo. Ainda muito jovem saiu de casa e viveu de pequenos delitos e mentiras, como sugere Urano (regente de Aquário em Áries de casa 2) e Vênus em Peixes. Muito sensível ele se diferenciava dos outros e se rebelava de forma violenta contra o estado das coisas. Muito cedo foi parar no reformatório até que sua rebeldia e delicadeza foram reconhecidos por uma boa alma, o teórico André Bazin, que o alimentou com baguete, omelette du fromage e cinema. Era tudo o que ele mais precisava. Em pagamento ele se esforçava, assistia três filmes por dia e lia três livros por semana (Mercúrio em Aquário em conjunção com o rígido Saturno em Capricórnio). E em pouco tempo já escrevia sobre cinema, fazia críticas até trocar umas ideias com Alfred Hitchcock e tornar-se assistente de produção de Rossellini.
Aos 25 anos François Truffaut já tinha assistido mais de 3 mil filmes. Ele mesmo dizia que "todo o cinéfilo é um doente." O mapa do cineasta pode ser visto no link: http://www.astro.com/astro-databank/Truffaut%2C_Fran%C3%A7ois |
Nos anos 60, cheio ideias fervilhantes, rebeldes, inspiradas e esteticamente lapidadas ele ajudou a consolidar a Nouvelle Vague, movimento do cinema francês contrário às super produções hollywoodianas, que prezava pelo "cinema de autor", de baixo custo, de temática cotidiana, psicológica e pessoal. Por sua linguagem realista e delicada, sua contemplação nos longos planos de câmera, pelo lirismo, sensibilidade e a estética da época, François Truffaut se tornou uma lenda da sétima arte. Pelo filme "Os incompreendidos" que expõem com ríspida poesia o arquétipo aquariano, seu tipo psicológico mais evidente, ele venceu o Festival de Cannes. Em dia de quadraturas e desafios entre planetas tão rígidos talvez a mensagem que possamos apreender com o lendário diretor de cinema seja que todo o grande embate na vida não será em vão se os objetivos forem o amor e a beleza. Como ele mesmo dizia "o gosto é resultado de mil desgostos".
Aline Maccari
Link: http://www.youtube.com/watch?v=868O2JoCntQ
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