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Bem, quem nunca se machucou no amor que atire a primeira pedra. Mas me parece que esses tempos pós modernos estão ainda mais desafiadores para os relacionamentos. Embora o mito do amor romântico esteja sendo desconstruído, e isso é sabedoria, ainda desejamos alguém em nossa vidas. Seja a empresária mais rica e poderosa ou o refugiado mais desguarnecido, em última instância, o que todos mais desejamos profundamente é alguém para caminhar de mãos dadas nesta linda bola azul, flutuando para lugar algum.
A questão é que a pós modernidade trouxe novas soluções, que ainda considero insatisfatórias, mas também nos surpreendeu com novos problemas.
Antigamente nossos avós tinham relacionamentos sólidos e longevos, mesmo que a relação fosse terrível na intimidade. O importante era a solidez da família e a "honra" da mulher.
Atualmente, com o advento das redes sociais e os apps, a oferta de pessoas nos cardápios humanos virtuais se tornou tão grande, que é possível ter um parceiro(a) para cada dia da semana. E se por um lado nos divertimos momentaneamente, por outro muitos se tornaram incapazes de construir algo a dois, numa dinâmica que estimula vorazmente o sentido de INDIVIDUALIDADE. A questão é que amor e individualismo são duas palavras que correm em direções opostas.
▪️ SELF E EGO
Dentro da perspectiva da psicologia junguiana há duas instâncias que devemos conhecer sobre nós: EGO e SELF.
O EGO é tudo o que construímos sobre nós, inclusive com todas as nossa Personas (máscaras) que usamos diariamente para lidarmos com o mundo. A questão é que EGO é a construção daquela figura que imaginamos ser, conectada a nossas necessidades mais imediatas, superficiais, sociais, culturais e temporais.
Por outro lado, o SELF é a essência mais profunda e verdadeira do sujeito. E que pode levar anos para nos conectarmos com ela, pois ela mora em camadas muito íntimas e até inconscientes. O Self está para além dos modismos, da cultura, das vaidades e do tempo em que vivemos. Ele é o que é, desde os tempos sem princípio. Quem sabe o espírito que carregamos encarnação após encarnação.
Uma das questões destes tempos é que nossas relações são super estimuladas a acontecerem em nível egóico (Ego). Mas esta dinâmica superficial também se instalou na vida íntima e talvez por isso tantas pessoas estejam se sentindo vazias e feridas. Relacionamentos amorosos têm sua faceta social, mas são antes de mais nada assunto de foro íntimo. Mas, como desconhecemos o nosso SELF, nos relacionamos com o outro tal qual manda "religião" destes tempos. E sob a influência do CAPITALISMO, somos estimulados a escolher pessoas na prateleira, consumir e as descartá-las.
O que Jung nos ensina é que uma das maneiras de termos uma relação feliz e satisfatória é nos relacionando com o outro no nível do SELF. A intimidade, a familiaridade e a confiança não moram no nível do EGO. Para isso, precisamos conhecer mais sobre nossas mais profundas motivações antes de nos relacionarmos com o outro. Mas, também neste caminhar, precisamos nos expor verdadeiramente para que alcancemos o amor. E isso significa inevitavelmente mostrar as nossas próprias VULNERABILIDADES.
E vulnerabilidades em "astrologuês", rima com Quíron: as nossa feridas que nunca cicatrizam. Talvez por isso, amar é doer.
▪️ AMOR E SELF
Todo o dia é dia de curar feridas de amor, mas estes, mas ainda. Portanto, se você tiver a coragem, tão explícita na Vênus em Áries, talvez possa abrir o seu coração ao outro e mostrar quem verdadeiramente é. E se em troca, o outro lhe apresentar algo abusivo, superficial ou displicente, é porque certamente ele se relacionando contigo em seu nível egóico.
O amor para acontecer, precisa da disposição de que ambos atuem no nível do SELF. E se depois de algumas tentativas de acessar o outro você não conseguir uma conexão verdadeira, não é sinal de que esteja errado, mas de que o outro ainda não está preparado. Portanto não são as pessoas que ainda acreditam no amor que devem desistir de amar. Devemos é desistir de continuar nos oferecendo à instância inventada do outro.
Talvez por isso, o amor verdadeiro aconteça mais tarde em nossas vidas. Pois até para amar e sermos amados precisamos ter AUTOCONHECIMENTO.
Para aqueles que tem vivido frustrações no amor eu repito: não foi o amor que acabou, mas os EGOS que inflaram. E entre EGOS, há pouco além de couraça, performance e ilusão.
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Aline Maccari
Jornalista, Astróloga e Analista Junguiana
Diário da Astróloga: 02/Mar/23
No céu desses dias a Vênus, deusa do amor, se une a Quíron, o deus curador. E assim podemos falar de dias propícios para refletirmos sobre as relações e promover a cura de velhas feridas. Neste vídeo, escolho falar sobre a lição de Carl Jung sobre Self e Ego, especialmente na pós modernidade, para à partir desse olhar, encontramos novas saídas para os relacionamentos.
Aline Maccari
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